Há 40 anos atrás, de forma comprovadamente provocatória, o governo AD, aliança do PSD, CDS e PPM, pretendeu impedir a CGTP-IN e os Trabalhadores do Porto de Comemorar o 1º de Maio na Avenida dos Aliados, local onde estes sempre o tinham feito, inclusive durante o fascismo. Na véspera do 1º de Maio, os Trabalhadores compareceram massivamente e de forma pacífica nos Aliados, mas depararam-se com um enorme contingente policial. Sem motivo ou aviso, a polícia carregou indiscriminada e violentamente sobre todos que ali se encontravam, inclusive ameaçando e brutalizando jornalistas que cobriam o acontecimento.
Perseguiram e espancaram incessantemente pelas ruas próximas, chegando mesmo a "carregar" novamente em quem procurava já tratamento no Hospital de Santo António, violência ali só interrompida pela ação dos médicos e enfermeiros daquele local.
Essa ofensiva de resquício fascista, em que o governo da AD ordenou a carga policial sobre os Trabalhadores, resultou numa dezena de baleados pelas forças policiais, um deles com apenas 14 anos, em dezenas de feridos, e dois Trabalhadores mortos.
Mais tarde, a Procuradoria-Geral da República descreveria os incidentes da seguinte forma:
"[Os polícias] agrediram indiscriminadamente todas as pessoas que se encontravam à sua frente, à bastonada e a pontapé, e às vezes com obscenidades, independentemente do sexo e idade; quer arremessassem pedras ou nada fizessem; quer fossem em fuga ou simplesmente estivessem paradas, mormente abrigadas em paragens de autocarros ou nas soleiras dos prédios. Todos eram agredidos, muitas vezes de forma selvática e por mais de um elemento policial contra a mesma pessoa, mesmo que esta se encontrasse prostrada no chão e indefesa".